Chove em Barcelona e eu poderia estar triste por isso, mas a chuva me reconforta.
Chuva é coisa meio rara por aqui. O tempo em geral é seco, muito seco. Isso me faz perceber como meu corpo é habituado a média de 90% de umidade de Porto Alegre. Nunca mais reclamarei disso!
E de fato essa chuva me alivia. Me alivia de uma certa decepção com a cidade. Da sensação de sentir-me mais estrangeira que nunca. Da descoberta quase inaceitável de que sou uma Sudaka, termo depreciativo que define quem é da minha pátria de alma, a América de Sul. Do orgulho comparavel ao orgulho catalao que tenho ao perceber isso.
Aqui é quase inevitável não andar com os Brazucas e Sudakas. O Catalão não é nada fácil, e não me refiro à língua. Muitas vezes te da a impressão de que eles precisam reaprender a sorrir. Dizem que leva tempo, mas eles se soltam. Temo não ter tempo pra ver isso acontecer, pois tenho muita curiosidade de conviver mais com essa gente tão, tão...Catalã?
Mas tem Gaudi...
Perdidas numa paisagem urbana quase sempre repetitiva estão suas obras, mais que encantadoras.
Então me sinto mais estrangeira que nunca e é muito, muito esquisito se sentir assim. Como se a paisagem da cidade, ora gaudinescamente linda (orgulho da Catalunya), com os mistérios da arte desse povo que é tão rica me seduzindo enquanto me dou conta de que, pra envolver-se de fato com esse universo, eu precisaria de mais tempo por aqui.
Saudaçoes sudakas!
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